Pular para o conteúdo principal

Pôr do sol

belinda197

Melodia magistral, que me envolveu num dia cinza de outono. O sol se despedia, deitando-se em seu leito distante. Uma coruja piou ao longe, e das árvores eu pude ouvir a última algazarra dos pássaros que se recolhiam para pernoitar.

O vento veio suave e gelado, agitou meus cabelos e minhas vestes. Ele, que tantas vezes foi meu adversário, se tornou meu amigo, e me acompanhou naquele momento atemporal. No horizonte as nuvens deixavam uma faixa de céus aparecer, e ali o sol ardia em chamas, tingindo a atmosfera com uma mistura de carmesim e dourado.

Do chão onde a grama fora coberta pelas folhas caídas vinha um perfume adocicado, resultado da chuva que caíra algumas horas antes. Algumas gotas solitárias ainda atingiam meu rosto, geladas. O frio outonal se fortaleceu com a chegada da noite, e quanto mais o sol afundava em seu retiro, maior era a sensação de vazio e solidão. Nas colinas diante de mim não havia vida àquela hora, mas logo os animais da noite iniciariam suas rondas.

Continuei sentado após o último vislumbre do sol desaparecer, e observei o céu se tornar ainda mais escuro. As aves foram ficando quietas, o mundo foi se acalmando, e o silêncio dominou a atmosfera, e apenas o vento se fazia ouvir nas folhas das árvores.

Apertei o casaco contra o corpo e me levantei. Dei as costas ao horizonte, onde uma luminosidade azulada ainda podia ser vista. No casebre onde vivia uma fumaça já subia pela chaminé da lareira. Imaginei o jantar que estava prestes a saborear, e o vinho quente que beberíamos para nos aquecer no frio da noite. Enquanto caminhava para casa pensei na ira que tinha ido embora, no calor indesejado que ficara para trás, e sorri. Era, enfim, feliz.
___________________________
27/05/2013.

Este é um conto que comecei a escrever no início de 2011 e abandonei. Hoje, vasculhando velharias encontrei e resolvi finalizar, como exercício e como ferramenta de imaginação.

Comentários

Postar um comentário