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Para continuar vivo


Escrevia para continuar vivo através das palavras. Nelas ele vivia o que queria, fosse como protagonista, antagonista ou expectador. Escrevia sobre a cor do céu e da grama, e sobre as sensações que o vento provoca, tentando descrever os odores que o ar carrega.

Tentava encarcerar nas palavras significados diversos, expor a loucura criativa que há por trás da arte, como aquele que manipula um pincel, aquele que interpreta em uma peça de teatro, ou o que molda materiais até formar esculturas. Sentia-se um ferreiro que martela a palavra para torná-la letal, o artesão que cria mimos de gesso para enfeitar cômodas e criados mudos.
E finalmente, escrevia para continuar vivo depois do próprio falecimento, para que lessem suas loucuras, para que seus netos pudessem vasculhar seu sótão um dia, e encontrar palavras suas rabiscadas em cadernos amarelados. As palavras o manteriam vivo para sempre.
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21/03/2013

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