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Martelo e bigorna

ukapala

Não somos martelo nem bigorna, mas sim o metal bruto que precisa ser purificado e moldado. São pancadas impiedosas para nos endireitar, fogo que nos desintoxica, e vez ou outra há o repouso em bondosa água fria. Mas logo o ferreiro torna a nos moldar, entre martelo e bigorna. Se no fim nos tornarmos lâminas afiadas e fortes, terá valido a pena.

É a primeira vez que publico um texto assim n'A Caverna, afinal o que comanda aqui é poema e conto, apenas meus textos literários. Escrevo alguma coisa reflexiva vez ou outra, mas guardo para mim, ou às vezes, quando acho relevante, transformo em poema. Como hoje não estou tão inclinado a fazer versos, deixei a mente correr livre com as palavras.

Já faz algum tempo que faço essa analogia do martelo e da bigorna, e do metal que se transforma em lâmina boa, pronta para enfrentar qualquer inimigo. É claro que às vezes o aço fica rígido demais, quebradiço, e estas espadas se despedaçam antes mesmo da batalha começar. Ou ficam maleáveis demais e entortam facilmente, se curvam sob os golpes do inimigo.

Sabemos que a lâmina é boa quando ela é flexível o suficiente para aparar um golpe sem se curvar e sem se partir, e afiada o bastante para partir o inimigo em pedaços. Podemos até sair avariados, com algumas mossas, sem fio, mas isso é remediável.

O importante é suportar os golpes do ferreiro. Podemos até nos imaginar na oficina de Ilmarinen, o ferreiro finlandês que forjou o firmamento, e acreditar em suas habilidades. É preciso lidar com cada golpe fatal que recebemos, e sentir o fogo nos queimando, mas ao invés de simplesmente nos ressentirmos dele, temos que ter em mente que ele está nos purificando. Como "o que não mata te deixa mais forte". É por isso que os momentos felizes (na água que resfria o metal), devemos aproveitar cada instante com intensidade, tendo em mente que logo voltaremos a receber golpes, e mergulharemos nas chamas, e receberemos mais golpes, e assim por diante. Até sermos dignos de ir para a batalha.

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