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Mostrando postagens de dezembro, 2011

Poeta da noite

O vento assobiava, entrando pelas fresta da janela, trazendo o frio do inverno para dentro do quarto úmido, iluminado apenas pela vela sobre a mesa. A chuva caía há três semanas, dando curtas tréguas de poucas horas, e toda a casa cheirava a mofo. A tarde chegava ao seu fim, tão cinzenta quanto as últimas manhãs, e a vida parecia ter congelado. Fausto passara os últimos dias sentado em sua cadeira dura, curvado sobre sua escrivaninha velha, escrevendo seus poemas e contos malditos. Não comera nada desde que a dispensa esvaziara, e saíra do quarto apenas para pegar mais garrafas de vinho barato, que seu porão tinha de sobra.