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Estória de Amor - Parte II

Segunda parte do conto Estórias de Amor. Espero que gostem do final, que na verdade é o começo.

Assim como na primeira parte, recomendo que desçam até o fim da página e ouçam a música que lá se encontra. Ela se encaixa bem nessa parte do conto.

Comentário e opiniões são mais que bem vindos!



Como eu ia dizendo, o início do Amor dos nosso dois personagens foi algo curioso. E um tanto escuro. Já aviso desde já que não é tão bonito quanto o meio.

Na cidade onde eles vivam, há muito tempo atrás, existe um local agradável, alto no meio da cidade, antigo, onde inúmeras pessoas costumam se reunir para se divertir. Apenas isso, sem pretensão. Elas vão até lá e passam noites inteiras conversando, rindo, correndo, gritando, brigando, se divertindo.
E eles estavam lá naquele domingo.

A tarde já estava quase no fim, e nuvens cinzentas cobriam o céu naquele início de Outono. Sim, era Outono. Os dias eram chuvosos, mas naquela tarde o céu deu uma trégua.
Ele chegou com amigos, e ela estava lá, também entre amigos. Os dois grupos se juntaram em conversas, risos e várias baboseiras sem sentido, mas ele tinha um objetivo em mente. Impressioná-la.
Logo no começo correu para se sentar ao seu lado, e ficar mais perto. Ela também queria chamar a atenção dele, objetivo que alcançou imediatamente.

A chuva veio, eles estavam mais próximos, alguns beijos foram trocados, telefones...

E ele não tinha muitas esperanças. Nunca foi bom no jogo da conquista, e pensava que se ligasse para ela, certamente estragaria tudo, como sempre. Mas alguma coisa fez com que ele ligasse, e milagrosamente tudo deu certo.
Se encontraram mais algumas vezes, e começaram a se ver com mais frequência, até que um dia ele encarou uma verdade estarrecedora: estava apaixonado.
Ciente do perigo que isso representava para ele, ele tentou reprimir esse sentimento, afinal ela não demonstrava sinais de que o sentimento era mútuo.

Mas tudo foi evoluindo, até que eles confessaram suas paixões, e se uniram de vez.
Foi um belo começo!

Eles descobriram que eram bonitos juntos. E se amaram. Ele se surpreendeu, pois ela era tudo o que ele queria em uma mulher. Era como se tivessem sido feitos um para o outro, apesar de acreditarem que isso não existia.

Mas devo contar algo sobre nosso belo casal. Ambos eram pessoas endurecidas. Amargos até os ossos, insuportavelmente orgulhosos, e presunçosos demais para ceder.
E todos sabemos que Amor é um jogo de dar e receber. E os dois só queriam receber.
E exigiam que o outro cedesse. Não demorou muito para aquela relação se transformar em uma guerra sem sentido.

Gritos, berros, escudo contra escudo, espada que estocava... Eram as defesas de cada um, lutando contra o poder de suas próprias línguas, que aconselhadas por suas mentes venenosas, se atacavam impiedosamente.
Ora um avançava, ora o outro, conquistando fortalezas, destruindo, pilhando, derrubando muros que nunca deveriam ter sido assediados. Eram dois loucos se destruindo.

Seguiram assim por algum tempo, numa guerra insana, batalha após batalha.
Havia paz entre os combates, e todos festejavam, o Sol brilhava novamente, e felicidade voava solta pelo ar., E em cada momento de paz, eles eram novamente o casal mais belo do mundo, capaz de atrair olhares de admiração e inveja em qualquer lugar por onde passassem. Mas logo a paz era quebrada por algum acontecimento tolo, e novamente eles se vestiam para a guerra.
Ele sempre pronto para brigar, e ela sempre pronta para entrar em uma briga. Ela o atraía, e depois se fechava em sua fortaleza, e ele a citiava, e mandava seus soldados se arrebentarem contra as altas muralhas.

Muito sangue correu, muitas lágrimas foram derramadas, muitas baixas ocorreram. Ambos estavam esgotados com a guerra infinita, e sempre que tentavam encerrar as hostilidades com um tratado de paz, algum dos dois acabava rompendo a trégua, e tudo ia por água abaixo novamente.

Ela era uma Rainha, dona de um grande reino. Ele era o Líder de um povo bárbaro. Ela queria que ele se rebaixasse, e fosse seu vassalo. Ele se negava, e lutaria por isso.
E assim seguiram, até que opressores e oprimidos finalmente selaram a paz, pois estavam cansados de lutar. E perceberam que apesar de serem bastante defeituosos, foram mesmo feitos um para o outro. O Amor que sentiam era maior que o orgulho de seus corações, e isso deveria ser valorizado. Numa grande fogueira, eles queimaram suas armas.

Isso aconteceu alguns anos depois da tarde de domingo.
E para comemorar, os dois povos se uniram quando a Rainha se casou com o Líder bárbaro.

A alegoria pode ser exagerada, mas foi mais ou menos assim que tudo aconteceu. Eu não falei que o início era estranho e curioso? Na

Confesso, meus amigos, que não conheço muitas estórias de Amor. Mas o pouco que conheço delas, é o suficiente para que eu possa afirmar com segurança, que esse sentimento é tão belo quanto um pôr-do-Sol outonal, e tão mortal quanto um grande machado que se agita contra nossos pescoços.
Uma estória de Amor é sempre uma estória de guerra e sangue, apesar dos momentos de glória e júbilo.

Nossos dois personagens sofreram tanto, e lutaram tanto, mas posso garantir a vocês que conseguiram vencer juntos. Eles se uniram, e se voltaram contra o único inimigo verdadeiro: o Orgulho Exacerbado.
Pois os momentos de alegria eram mais significativos que os momentos de guerra e dor.

Foi assim que aconteceu. Casamento, viagem, Vida nova, felicidade...
E sempre, cada detalhe contava como um encanto diferente.
E

A memória dele correu veloz em sua mente, seu peito pulou, e o momento pareceu durar horas. E estas nuvens escuras de dor e lágrimas foram afastadas pela claridade rubra que o Sol emitia, tingindo a pele da sua amada. Ele se levantou, a apertou em um abraço forte e cheio de ternura, e a beijou com tanto ardor, que as chamas expelidas eram mais brilhantes que o próprio Sol, que assistia a tudo com um sorriso sincero.

- Nossa, que beijo foi esse? - ela perguntou, surpresa.
- Só um beijo, ué!

Mas eles sabiam que não era apenas um beijo. Era um brinde ao triunfo do Amor que eles sentiam um pelo outro.

E esta foi uma estória de Amor, contada a partir do meio, de forma desajeitada, com açúcar, palavras grudentas e coisas melosas.

Comentários

  1. O amor gostoso é meloso, pois o mel disfarça bem o fel das desavenças que acabam muitas vezes destruindo um relacionamento quando ela é só açucarado.

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  2. Faz todo o sentido, Manoel!
    Obrigado pelo comentário!

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  3. Eu posso afirmar, com segurança, Orgulho demais F*** um belo relacionamento! Se me arrependo? Claro! Mas a vida é assim, batalhas perdidas nos ensinam a conquista.

    Marlon, gostei da história, principalmente por ter começado no meio; é diferente, ousado e bem interessante.

    Forte Abraço

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  4. Nem me fale, Fábio.
    às vezes a gente demora um pouco para aprender, mas ainda acredito que vá funcionar um dia.

    E obrigado pelo comentário, fico feliz que tenha gostado!

    Até mais!

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  5. Ola.
    Obrigado por colocar nosso banner.
    Seu post foi divulgado na teia
    Até mais

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  6. Ai Marlon, quantas vezes ao longo da vida, nos vestimos para a guerra e nos despimos para a Paz?

    Mas o amor é como uma criança, tem que ser educado, ensinado, repreendido e recompensado. Quando tudo isso é aprendido, então poderemos amar leves e com naturalidade.

    Muito boa a tua narrativa!

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  7. É verdade, Luísa.
    Cuidar do Amor e criá-lo, fazê-lo evoluir, não é tarefa fácil.

    Muito obrigado pelo comentário, e por acompanhar meus textos.
    Sua opinião é bastante importante!

    Até!

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  8. Estou lendo o blog quase inteiro, mas essa estória me ganhou. Espero que seja uma HIstória!
    Todo amor tem problemas, e todo grande amor tem grandes problemas. Muitas vezes temos que abrir mão do nosso orgulho (e de muito mais), mas no fim um beijo verdade ao pôr do sol compensa tudo. Espero que nossos dois personagens nunca mais esqueçam isso.
    Beijos!
    Val

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  9. Infelizmente, Val, o destino é inexorável...
    Nossos personagens esqueceram muita coisa com o tempo, e o vento varreu o que havia de bom...
    Muito obrigado por ter a paciência de ler tudo isso! Espero que continue gostando!

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  10. Perfeito.

    Gostei mais deste segunda parte do que da primeira.
    porque normalmente em histórias de amor, tudo é perfeito e na realidade não é assim. então fica chato.
    você se expressou muito bem a respeito das dificuldades que todos nós quando amamos teremos pela frente.
    adorei.
    parabéns.

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  11. Obrigado Sara!
    É, amar não é tão simples e maravilhoso quanto parece. No amor é onde temos mais noção do poder de nossas ações e nossas palavras.

    Obrigado por ler e comentar!

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