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Mostrando postagens de fevereiro, 2011

Tarde de sábado

Inverno impiedoso. No Norte, o Inverno é cruel. E aquele ano não poderia ser diferente. Lá fora o vento rugia e assobiava, frenético e furioso. Plena tarde, mas a luz era fraca, pois o Sol havia desistido de lutar contra as nuvens. Nada inesperado. Sabíamos que seria assim quando nos mudamos para aquele país. E mesmo que ela reclame tanto, e seja tão friorenta, ela adora isso aqui.

Vidro vermelho

É muito mais forte que eu É muito maior que meu desejo. Meu desejo é ser brando, Mas com possessivo impulso Meu peito pula, arde Vidro vermelho em meus olhos Sangue que queima, sobe Veloz como um raio, atroz Cegueira que vem e me domina... Sensação de desamparo E minha vida parce acenar. Sentimento tolo e infantil Tempero opotuno Mas cruel em excesso. Vidro. Ciúme. 21/02/2011. Sobre aquilo que tanto atrapalha o Amor, quando acabamos exagerando.

Poeta da Noite

No escuro ouço o choro de pequena criança e então eu corro. Não sei se chora ou canta. Pequena, no topo de um morro, sob o luar que me encanta, está a menina, e com esforço meu caminhar a alcança. Em sua mão direita vejo brilhar um punhal. Em sua mão esquerda vejo a rubra pena do mal. Eis que em sua boca estreita sorriso cruel surge, afinal. A lâmina sobe, ligeira, o ar aguarda o sinal. Mudo, nada posso dizer. “Não me condene a isso!” Preso, não posso me mover. “Não imponha isso!” Não sou cego, mas não não quero ver. “Não me obrigue a isso!” Lúcido, não conseguirei esquecer. “Não, não me condene a isso!” Na noite um lampejo. O punhal desce, finalmente. “Sua alma, meu desejo...” Ela fere o próprio ventre e eu não creio no que vejo: ela morre sorridente. Seu espírito me desperta com um beijo. Seguindo impulso desconhecido apanho a pena de sua mão. Aquele poeta velho, esquecido, acorda em meu coração. Mergulho, resoluto, decidido, A caneta no san

Lá III - A vitória

Lá acordei, me ergui, lutei. Lá, ao meu lado, ela lutou. Minha bela Coruja, eu sei, foi o teu olhar que me salvou! E o sangue tocou a Terra! O exército branco caiu! Nosso Amor venceu a Guerra, e o horizonte se abriu. Voamos. Fomos para longe. Agora somos soberanos. Felizes, ninguém sabe onde, muito além do oceano! Aqui, tão longe da escória. Aqui, eis a nossa história.

Lá II - O levante

Mas vida! És tão preciosa! Não posso viver pelos mares, bosques de árvores frondosas e montanhas de muitos ares? Oh inverno injustiçado, por tuas mãos eu fui desperto! Pelo ar um canto velado, tua voz chegando mais perto! Coruja veio voando, belos olhos gregos, sorrindo, sua voz mortal ecoando, meu tenro amor, eu a sinto. Abro as asas novamente, lá, e com ira inclemente.

Lá I - O cerco

Lá, aos portões do desespero; lá, onde o fim nos envolve; onde o Sol é prisioneiro; onde o luar se dissolve. Chega o exército branco, Brutal, tolo, falso, maldito, causadores de dor e pranto, riem, porque estou ferido. Ferido, sujo, humilhado, sozinho perante os grandes, ninguém ouvirá o meu brado, meu grito vago e distante. Morrerei de forma profana. Lá, reino de ira insana.

Mas...

Decido ouvir uma música. Vou pôr um fim nisso! Mas... Todas as músicas me fazem lembrar Dela. Letras, melodia, harmonia... Ela é dona de todas as minhas canções. Decido caminhar. Vou pôr um fim nisso! Mas... Meu lugares favoritos têm a cara Dela. Ela está lá, seus olhos brilhando... Ela é dona de todos os cantos bonitos da cidade. Decido desenhar. Vou pôr um fim nisso! Mas... Antes, toda a minha Arte pertencia a Ela. Traços, rabiscos num papel do banco, poesias iluminadas... Ela é dona de toda a minha Arte. Decido cantar. Vou pôr um fim nisso! Mas... Minha voz antes sussurrava em Seu ouvido. E as canções de Amor que eu tanto gosto de cantar... Ela é a dona suprema de minha voz. Decido me distrair. Vou pôr um fim nisso! Mas... Toda vez que eu me encontrava com amigos, Ela estava junto. Bares, almoços, pizzas, encontros aleatórios... Ela é a minha melhor amiga. Decido ver um filme. Vou pôr um fim nisso! Mas... Ela adorava ver filmes comigo. Pipoc

Definitivo

Passando por pontes horrendas Eu tenho sonhos e dores Acabo atravessando Entre discórdias e amores E eu sei o quanto você sofre Com minha cegueira temporária Ainda não aprendi a dormir E reprimir essa ira incendiária. Dragão que desperta às vezes Com dores, ofendido e atordoado Gritos e urros indecentes Eu coloco nosso amor de lado. Se há perdão para atos tão vis Se há mais uma ponte para o Sempre Eu quero tentar, com sua permissão Esmagar os espinhos impiedosamente Sem mais viver a poesia chorosa Eterno reclamar por banalidades Eperando o melhor do tempo Nada menos que uma boa eternidade Às vezes o Amor parece tão longe Mas são detalhes levados ao extremo Sujeira simples, fácil de varrer Menores que meu desejo supremo. E meu desejo é mais uma vez viver uma Vida ao seu lado Outra conquista, e voltamos para casa Além-mar, oceano e céu azulados. Como deuses, em paz e guerra Melhor ficarmos com nossos amores Para provar de nossos cheiros Nos embebe

Elane, One LastTime

I know it’s over now And I have cried too many times I must get over this Bury my hope one last time But then the wind reminds me of you And the rain reminds me, too When it snows I think of you And the spring reminds me of you And every day I think of you Will you ever love me, too Will you Another day And life goes on I haven’t seen you for about two years And soon there’s not much left to feel You coldly closed that door too many times Sometimes it’s like I see you here It’s just my mind playing tricks on me ‘cause I will never see you again I will move on Won’t look back But then the wind reminds me of you And the rain reminds me, too When it snows I think of you And the spring reminds me of you And every day I think of you Will you ever love me, too Will you Esta é a letra da música One Last Time , da banda alemã Elane . Esta música está presente no álbum The Silver Falls , de 2008, e é belíssima. A sensação que se tem, quando o chão some de

Sol, céu, relva e mar

O Sol já caminha alegre. Teto azul e chão verde. Sob céu claro eu ando, sobre a grama tão viva, caminho exuberante, vida cintilante... Esperança que aquece, constante é minha sede, em alegria ou pranto, mas com fé altiva. Campos verdejantes Meu lar distante Meu Sol que vem e cresce Meu sonho que amanhece pedi, cresci esperando para correr, oh relva amiga. Colinas sussurrantes na brisa palpitante. Braços abertos, sorriso tão certo Correndo feliz, o vento me diz Que logo, tão logo partirei, voarei... Com minha Senhora ao lado Minha paz, meu amor, asas abertas sobre os mares, Casa brancas tão belas... Mares magníficos, amor tão antigo Livres, suaves, dourados sob o Sol a se pôr em velho lar familiar antiguidade singela. Céu azul, meu amigo. Mar azul, eu te sigo. Nove canções e sons mágicos Olhos brilhantes, cheios de ardor, seu beijo suave a me acalmar, seu toque me descongela. Ventos a voar comigo, Caro Sol, estou contigo. 08/02/2011

Retrato

Notas borradas na partitura tão antiga no pentagrama milenar da melodia mais bela. Uma neblina espessa que atrapalha. Cegos a se procurar Quando alguém fechou a janela. Lá no fundo ainda ouço sons de batalha e Amor. É injusto abandonar meio retrato na tela. Beleza de uma só imagem. Dois são um com força e coragem. 03/02/2011 Hoje, terceiro dia do mês, é um dia especial. Apesar de tudo ainda há esperança.